| Cinco compositoras brasileiras que fizeram e fazem história na música clássica
Um breve tributo àquelas que se dedicam à composição no país. Chiquinha Gonzaga, uma pioneira, e as firmes e atuantes Cirlei de Hollanda, Jocy de Oliveira, Marisa Rezende e Vânia Dantas Leite.
Na Semana da Mulher, Tutti Clássicos faz uma lista de cinco compositoras brasileiras. Quatro delas estão em plena atividade. Fica aqui uma lembrança para que as orquestras nacionais incluam, com maior regularidade, a produção feminina em suas programações.
Chiquinha Gonzaga (1847-1935)
Francisca Edwiges Neves Gonzaga foi a a primeira. Primeira chorona, primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca com letra (O Abre Alas, 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. E as alas se abriram para ela. Tornou-se também a primeira compositora popular do país, ao adaptar o som do piano ao gosto do povo. O sucesso começou em 1877, com a polca Atraente. Estreou no teatro de variedades em 1885, criando a trilha da opereta de costumes A Corte na Roça, de 1885. Mas seu maior sucesso nos palcos foi a opereta Forrobodó, de 1911, que chegou a 1500 apresentações seguidas após a estreia – produção que detém até hoje o maior desempenho de uma peça deste gênero no Brasil. Compôs até os 87 anos de idade.
Cirlei de Hollanda (1948)
Carioca, Cirlei estudou composição na Escola de Música da UFRJ, com Henrique Morelembaum. Em 1977, recebeu o Primeiro Prêmio do Concurso de Composição para a Segunda Bienal de Música Contemporânea, na categoria obra sinfônica, com a cantata “Isto é aquilo” – sobre o texto de Carlos Drummond de Andrade. A maior parte da produção de Cirlei é destinada a vozes.
Jocy de Oliveira (1936)
Jocy é pioneira no trabalho multimídia no Brasil, envolvendo música, teatro, instalações, vídeo e texto. É autora de oito óperas, todas encenadas aqui e em diversos países. Vastamente premiada, a também pianista gravou 19 discos no Brasil e no exterior: 7 com a obra pianística de Messiaen para o selo Vox (EUA) e 4 para Philips (Brasil). Gravou também o Concerto para piano e orquestra do compositor mexicano Manoel Enríquez (Bellas Artes, México). Sua produção pode ser encontrada no prestigiosos selo Naxos. Ganhou o Prêmio Jabuti pelo seu livro Diálogo com Cartas (2015).
Marisa Rezende (1944)
Nascida no Rio, Marisa, pianista, ingressou em 1963 o curso de Composição na então Escola Nacional de Música. Mas só iria compor na década seguinte, quando fazia mestrado na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Foi uma das fundadoras da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. Criou na UFRJ o Grupo Música Nova, dedicado ao estudo e à interpretação da música brasileira contemporânea e também o Laboratório de Música e Tecnologia, em 1995.
Vania Dantas Leite (1945)
Carioca, Vania dedica-se à música eletroacústica desde 1965, compõe e desenvolve pesquisa experimental, no Brasil e no exterior. É fundadora do Estúdio de Música Eletroacústica do Instituto Villa-Lobos, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Como compositora, ganhou prêmios tais como o 1º lugar no Concurso Nacional de Composição (1972); 3º lugar no Concurso Internacional de Regência (1973); Prêmio da Rockefeller Foundation (2003).